Na semana passada apanhei um susto enorme. Pensei que ia desta para melhor... que podia nunca mais ver os meus filhos, o meu marido. Ia eu muito bem da vida no carro com o António quando senti uma dor muito forte nas costas. Das costas passou para o peito. Fiquei com dificuldade em respirar e senti a mão a ficar dormente. Decidi voltar para casa mas a meio do caminho percebi que não estava em condições de o fazer. Encostei o carro e liguei para o 112. Nunca o tinha feito. A ajuda não demorou em chegar. Passados poucos minutos vejo a ambulância do INEM parar ao lado do meu carro. Levaram-me para o hospital. A mim e ao António. Senti-me tão vulnerável e ao mesmo tempo tão sozinha. O Gonçalo estava fora em trabalho e eu não tinha mais ninguém por perto que pudesse largar tudo e vir. Fizeram-me um eletrocardiograma e um raio x. Estava tudo bem com o coração. Depois de 2 horas, o diagnóstico: ataque de ansiedade. Não acho que ande nervosa, nem preocupada, nem triste. Mas a verdade é que tive isto.
No dia a seguir, à noite, estava eu a deitar a Carlota e começo a sentir a mesma dor. Peito, costas, falta de ar e mão dormente. Durou uma meia hora. Desta vez não fui ao hospital. Fiquei deitada e tentei acalmar-me. Acabou por passar mas a minha preocupação com este assunto aumentou.
Marcámos logo uma consulta para um cardiologista na manhã seguinte. Tudo OK com o coração. Diagnóstico: ataque de ansiedade.
Pelo sim, pelo não, decidimos consultar também um neurologista por causa da dor nas costas. Ele já é da opinião que os ataques possam ter origem na minha má postura e esforço que faço com o bebé. Recomendou fazer fisioterapia.
Decidi atacar nas frentes todas, físicas e psicológicas. Vou começar fisioterapia, yoga e consultas de psicologia. A verdade é que eu acho que não ando ansiosa nem nervosa mas olhando para os meus últimos 2 meses tem havido muita coisa a mexer comigo. Os filhos são a maior fonte de alegria e amor que pode haver mas são ao mesmo tempo um poço de preocupações. Quando alguma coisa não está bem ou quando há apenas a suspeita de que alguma coisa não está bem, o coração de uma mãe sofre de uma maneira avassaladora. E depois tentamos ser fortes. Por eles, por nós, pelo mundo que está sempre a vigiar e a julgar. E aos poucos vamos definhando por dentro e vamos camuflando com sorrisos amarelos que à noite se desfazem em lágrimas.
Eu não estou triste. Não estou deprimida. Estou a viver muitas emoções, felizmente são mais as melhores que as piores. Mas as emoções piores podem estar a afectar a minha saúde e tenho que as travar. Por mim, pelos meus filhos, pelo meu marido.
Se mais alguém está a passar por algo semelhante, nada como admitir e procurar ajuda. Estamos juntas.
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