sábado, 30 de dezembro de 2017

Desabafo de fim de ano

No dia 31 de Dezembro de 2015 estava eu numa igreja a pedir a Deus que me desse muita paciência para a minha filha de 7 meses. É engraçado ver como em dois anos nada mudou. Continuo a pedir a Deus exactamente a mesma coisa ano após ano. Saúde, protecção e paciência, muita paciência. A minha filha agora tem dois anos e sete meses. Mas à equação juntou-se um bebé de 6 meses que apesar se ser um santo no geral, veio agitar as coisas cá em casa.

Há uns tempos vi uma imagem de um veterinário com o braço enfiado no rabo de uma vaca ou de um elefante, não me lembro muito bem. E dizia qualquer coisa sobre aquele ser o trabalho mais difícil do mundo. Ora a não ser que o elefante repita o nome dele 600 vezes ao dia, ou faça uma cena num almoço com os avós, ou grite e esperneie à mínima coisa... não percebo como pode ser esse o trabalho mais difícil do mundo. Ser mãe é o mais difícil de todos, sim. Ou melhor, ser Mãe com "M" maiúsculo. Não basta trazer ao mundo. Há que os guiar no crescimento e caminhada por esse mundo. Até porque há tantas Mães que não os trouxeram ao mundo mas que os guiam de uma forma extraordinária. 

Pois eu sinto muitas vezes que estou a falhar redondamente. Há momentos em que o meu sentimento de frustração e impotência parece ser maior do que o amor pelos meus filhos. Claro que os amo mais que tudo mas há dias, há noites, em que a coisa que mais desejo são minutos de silêncio. Há alturas em que fico tão enervada que acho que vou explodir. Tem sido tão difícil, tão duro. Vejo blogs e blogs de famílias com fotografias lindas, todos a condizer, de sorrisos rasgados, crianças angelicais. Será que é mesmo assim naquelas casas? Será que só a minha casa é que parece que vai abaixo assim que o sol se põe? Onde é que errei?

A Carlota desafia-me cada vez mais e não percebo se é uma chamada de atenção, se são ciúmes tardios do irmão, se é da idade, se está mimada demais.. ou se é tudo junto! Tenho tentado fazer programas com ela, dar-lhe mais atenção, mimo... mas não está a fazer grande efeito. As birras continuam. As cenas. Todos os dias há qualquer coisa. É desgastante. 

Mais uma vez chego ao fim do ano exausta, a duvidar das minhas capacidades como mãe, aterrorizada com o futuro. Com o coração a transbordar de amor, sim. Mas assustada com esta fase, se é que é uma fase.
"Meu Deus, dai-nos saúde, protecção e paciência."

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