terça-feira, 28 de novembro de 2017

"Eu não fui mesmo feita para esta merda"

E aqueles momentos em que pensamos (e às vezes verbalizamos) "eu não fui mesmo feita para esta merda?". Não são muitos mas acontecem. Acontecem quando atingimos o nosso limite de paciência, de horas sem dormir, de fome, de cansaço, de birras.

Amo os meus filhos mais que tudo neste mundo e quando a Carlota está na escola e o António está a dormir quase que me apetece ter mais e mais bebés. Mas depois há aqueles momentos. Um berra porque sim e o outro quer colo porque sim. Um tem fome, o outro tem sono. Um quer miminho, outro quer brincar. Um puxa para um lado e o outro puxa para o outro. E eu fico ali no meio a dar em doida. Sinto a cabeça a latejar, o coração a disparar, uma dor gigante nas costas e engulo em seco. Às vezes berro, às vezes perco a cabeça. Já me fechei na cozinha e disse para me deixarem em paz. Sim, eu já fiz isto. Mesmo quando um deles tem 5 meses e não sai da espreguiçadeira.

Já disse tantas vezes que não fui feita para esta merda. E depois, quando a Carlota está na escola e eu estou a apanhar os brinquedos dela do chão, a dobrar as roupinhas, a arrumar os ganchos do cabelo... meu Deus... é um amor avassalador que me preenche. É uma saudade enorme. Uma vontade de a ir buscar mais cedo e enterrar o meu nariz naqueles caracóis dela.

Ou quando o António dorme a sesta e eu já só quero que ele acorde. Só quero dar-lhe beijnhos no pescoço, dentadas nas pernas, beijinhos nos pés. Quero ver aquele sorriso gengival. Aqueles olhinhos em forma de meia lua. O cheirinho dele.

Se não fui feita para esta merda, fui feita para quê?

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