terça-feira, 25 de julho de 2017

O dia em que achei que ia desta para melhor

Já não escrevo há algum tempo. E estava na dúvida se devia ou não escrever sobre este assunto. Mas achei que me ia fazer bem e quem sabe ajudar mais alguém que tenha passado ou esteja a passar pelo mesmo.

Na semana passada apanhei um susto enorme. Pensei que ia desta para melhor... que podia nunca mais ver os meus filhos, o meu marido. Ia eu muito bem da vida no carro com o António quando senti uma dor muito forte nas costas. Das costas passou para o peito. Fiquei com dificuldade em respirar e senti a mão a ficar dormente. Decidi voltar para casa mas a meio do caminho percebi que não estava em condições de o fazer. Encostei o carro e liguei para o 112. Nunca o tinha feito. A ajuda não demorou em chegar. Passados poucos minutos vejo a ambulância do INEM parar ao lado do meu carro. Levaram-me para o hospital. A mim e ao António. Senti-me tão vulnerável e ao mesmo tempo tão sozinha. O Gonçalo estava fora em trabalho e eu não tinha mais ninguém por perto que pudesse largar tudo e vir. Fizeram-me um eletrocardiograma e um raio x. Estava tudo bem com o coração. Depois de 2 horas, o diagnóstico: ataque de ansiedade. Não acho que ande nervosa, nem preocupada, nem triste. Mas a verdade é que tive isto.

No dia a seguir, à noite, estava eu a deitar a Carlota e começo a sentir a mesma dor. Peito, costas, falta de ar e mão dormente. Durou uma meia hora. Desta vez não fui ao hospital. Fiquei deitada e tentei acalmar-me. Acabou por passar mas a minha preocupação com este assunto aumentou.
Marcámos logo uma consulta para um cardiologista na manhã seguinte. Tudo OK com o coração. Diagnóstico: ataque de ansiedade.

Pelo sim, pelo não, decidimos consultar também um neurologista por causa da dor nas costas. Ele já é da opinião que os ataques possam ter origem na minha má postura e esforço que faço com o bebé. Recomendou fazer fisioterapia.

Decidi atacar nas frentes todas, físicas e psicológicas. Vou começar fisioterapia, yoga e consultas de psicologia. A verdade é que eu acho que não ando ansiosa nem nervosa mas olhando para os meus últimos 2 meses tem havido muita coisa a mexer comigo. Os filhos são a maior fonte de alegria e amor que pode haver mas são ao mesmo tempo um poço de preocupações. Quando alguma coisa não está bem ou quando há apenas a suspeita de que alguma coisa não está bem, o coração de uma mãe sofre de uma maneira avassaladora. E depois tentamos ser fortes. Por eles, por nós, pelo mundo que está sempre a vigiar e a julgar. E aos poucos vamos definhando por dentro e vamos camuflando com sorrisos amarelos que à noite se desfazem em lágrimas. 

Eu não estou triste. Não estou deprimida. Estou a viver muitas emoções, felizmente são mais as melhores que as piores. Mas as emoções piores podem estar a afectar a minha saúde e tenho que as travar. Por mim, pelos meus filhos, pelo meu marido.

Se mais alguém está a passar por algo semelhante, nada como admitir e procurar ajuda. Estamos juntas. 

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Na Terra do Sempre

Sexta-feira lá fomos nós os quatro para a Terra do Sempre. Este fim-de-semana foi uma montanha russa de emoções.

Preparar as malas dos mais pequenos é uma tarefa interminável. Mesmo indo só por duas noites é tudo a dobrar, mudas de roupa, fraldas, casaquinhos, etc. Depois há os cuidados com o sol e piscina e não nos podemos esquecer do chapéu, protector solar, fatos de banho, braçadeiras, chinelos... 

Bom, mas malas feitas, carro (super) carregado, lá fomos nós! A Carlota ainda foi à escola de manhã para nos organizarmos melhor e depois foi só apanhá-la e seguir. A viagem fez-se muito bem e os dois foram a dormir ferrados! 

A Terra do Sempre fica literalmente no meio do nada. É um sítio excelente para escapar à agitação da cidade. Fica perto de Grândola. Quando chegámos fomos logo muito bem recebidos pela Gabi que é amorosa e que nos acompanhou durante todo o fim-de-semana. Foi explicando o funcionamento da casa e dos espaços. Aquilo é como estar na nossa própria casa de campo. Esqueçam o conceito de hotel! É entrar pela porta da cozinha, falar a toda a gente que lá trabalha, é tirar um iogurte do frigorífico ou um café da máquina. (Apontamos aquilo que consumimos e paga-se no fim) 

Sabíamos que íamos ficar cada noite num quarto diferente, já só conseguimos marcar assim. Na primeira noite ficámos numa das cabanas, Robin Hood. Todos os quartos têm nomes assim, de histórias. A cabana tinha tudo o que precisávamos e uma vista linda que mais parecia uma pintura do Alentejo.
Há imensa coisa para fazer com crianças ali. Claro que o programa preferido da Carlota foi a piscina, a "china" como ela diz. Como ainda não sabe nadar lá andou de colete, toda contente. Amou! 

Outro ponto alto para a Carlota foi a visita à quinta. Ao chegar à quinta somos logo recebidos pela Dona Gertrudes. Ela vai mostrando e falando sobre todos os animais. Ovelhas, cabras, patos, galinhas, coelhos, porcos... pelo meio as crianças podem dar comida aos patos, festinhas às ovelhas. A Carlota adorou este programa e faz-lhe tanto bem! O António fez o passeio todo no pano e apesar de ainda não perceber nada tenho a certeza que também gostou de andar embaladinho junto ao peito da mãe.

Na segunda noite ficámos no quarto Romeu e Julieta. Adorei este quarto! Mais espaçoso e com uma decoração super romântica. Tem uma mezanine com umas caminhas lá em cima que são ideais para quem leva filhotes mais crescidos. Nessa noite jantámos por lá mesmo. Ficámos à mesa com outros hóspedes que gostámos imenso de conhecer. Tinham um filho amoroso com um ano e meio que ficou grande amigo da Carlota. Enquanto jantávamos a Gabi entretia os mais pequenos. Há um quartinho de brinquedos, uma sala com a televisão no panda e a cozinha sempre aberta para grandes gargalhadas. O jantar estava óptimo e acabou com uma mousse de lima maravilhosa!

Domingo foi tomar o pequeno-almoço e ir dar uns últimos mergulhos na piscina. 

Esta foi a parte maravilhosa do fim-de-semana. Agora conto-vos o porquê dos meus "mixed feelings". É muito duro com dois filhos tão pequenos. Começo a acreditar que aqueles blogs que é só fotografias lindas e fofinhas têm muuuuitos segredos escondidos. Não acredito que só os meus filhos (como adoro dizer "os meus filhos") me levem à loucura. A Carlota não para quieta um segundo. Farta-se das coisas rapidamente, quer mexer em tudo, experimentar tudo e quando é contrariada espeta-nos com uma birra. Fora as vezes que está rabujenta só porque sim e fica insuportável. O António... o António tem um mês. Chora porque quer colo, porque quer mamar, porque tem sono e não consegue adormecer. O normal. Mas com poucas horas de sono, muito cansaço e duas crianças aos berros ao mesmo tempo não há quem aguente. Quer dizer, há... que remédio tenho eu e todas as mães, não é? 

E foi isto. Momentos de uma gratidão imensa e de um amor enorme. Momentos de loucura e desespero. É isto. Ser mãe é ir de fim-de-semana ou férias e voltar ainda mais cansada mas com os sorrisos dos nossos filhos gravados na memória. 




















(Quarto Romeu e Julieta) 


sexta-feira, 14 de julho de 2017

Obrigada

Depois de termos um bebé a nossa disponibilidade para determinadas tarefas fica reduzida. Antes de ter filhos tinha todo o tempo do mundo para experimentar várias roupas de manhã, passar cremes, maquilhar-me e ainda esticar o cabelo. Isto tudo antes de sair de casa. Depois da Carlota nascer isto mudou. Mas com o tempo vamos começando a estabelecer outra vez a nossa rotina para que os nossos cuidados diários não fiquem esquecidos. Ok, já não estico o cabelo todos os dias mas tudo o resto faço. Ah, e não experimento várias roupas de manhã. Normalmente já sei o que vou vestir.

Agora, com o nascimento do António o caos voltou a instalar-se. Demoramos sempre algum tempo até entrarmos outra vez na rotina. A minha prioridade de manhã é preparar a Carlota para a escola e dar de mamar ao António. Só depois me arranjo e saio ou não com ele. Confesso que deixei de me maquilhar... não por preguiça ou trapalhice mas porque não faz sentido maquilhar-me se vou ficar em casa o dia todo a mudar fraldas e a dar de mamar. Até porque gosto de deixar a pele respirar. Habituei-me a andar sem maquilhagem nas primeiras semanas que estive em casa com o António. 

Um dia destes tive que ir até ao shopping e fui assim mesmo, sem maquilhagem. Encontrei duas pessoas com quem trabalhei e de quem gosto muito e falámos por uns minutos. Uma delas disse que eu estava com péssima cara, que não podia desleixar-me assim. Fiquei com aquilo na cabeça. No dia a seguir fui ao mini mercado por trás da nossa casa e uma das funcionárias perguntou como estava tudo agora com dois filhos tão pequenos. Eu respondi "o caos" e ela "pois, vê-se na sua cara". Sinceramente não percebi a necessidade de se dizer as coisas assim de uma maneira tão fria e tão directa. Mas sabem que mais? Ainda bem que o fizeram! Quando cheguei a casa olhei fixamente no espelho. Tom de pele branco lula, olheiras cinzentas por baixo dos olhos, boca seca e gretada... um desastre! Sim, sou mãe e estou cansada mas bolas... não tenho que andar com a cara neste estado! 

Aquelas palavras que me ofenderam na altura afinal surtiram efeito. Eu precisava de as ouvir para começar a tratar um bocadinho melhor de mim também. Não custa nada passar um corrector de olheiras, um blusa, um rímel... Já voltei a incluir isso na minha rotina diária e sabe-me bem. 

Por isso, obrigada T., M., e senhora do mercado! :) 



(Ó para mim toda linda!)

quinta-feira, 13 de julho de 2017

1 casamento e 2 crianças

No fim-de-semana passado tivemos um casamento. Não daqueles casamentos de conhecidos mas o casamento de um dos primos do Gonçalo de quem gostamos muito! Era por isso muito especial e fazíamos questão de estar presentes, todos. Os quatro.

Sabíamos que ia ser um desafio ir com duas crianças para o casamento. Uma de dois anos que não para quieta e um bebé que nem um mês tinha e que a única coisa que quer é estar quieto em casa.

Faltar não era opção. Deixar as crianças também não. Além de serem família do noivo, o António só mama por isso não o deixo ainda. E ele é muuuito pequeno. Mas como íamos aproveitar o casamento assim?

Decidimos levar ajuda. Não gosto muito de chamar babysitter porque na verdade a S. é a melhor amiga da Carlota! Conhece-a desde que ela tinha uns 9 ou 10 meses. É das poucas pessoas a quem confio a minha filhota. A S. veio connosco e deu um apoio espectacular. Entreteve sempre a Carlota enquanto eu ficava com o António e às vezes trocávamos. O António ficava um bocadinho com ela e eu levava a Carlota a brincar com os outros meninos que lá estavam.

Na realidade só ficámos durante a missa e no cocktail. Antes do jantar o Gonçalo levou-nos para o hotel e depois voltou para a quinta. Foi a melhor solução. Fomos para o hotel por volta das 9 e assim deu para descansarmos e as crianças foram dormir cedo. O Gonçalo ficou a representar-nos na festa :)

Antes de termos o António fomos a vários casamentos com a Carlota com ela bem pequena e não é ambiente para bebés. Eles detestam e nós também não aproveitamos nada. Para quem está a amamentar é difícil deixá-los com alguém porque mesmo que deixemos o leite, as nossas maminhas depois... vocês percebem, não é? Ahahah por enquanto ainda não dá!

Acabou por ser um fim de semana diferente e bem bom para todos :) 

Um obrigada muito especial à nossa querida S., a melhor amiga da Carlota! 

quarta-feira, 12 de julho de 2017

E a mana mais velha? Como está a reagir?

Quando descobrimos que estamos grávidas do segundo filho é inevitável pensar como será a reacção do mais velho. Será que vai ficar com ciúmes? Será que vai sentir que gostamos menos deles?

Sempre fui muito ligada à Carlota desde que ela nasceu. Não é só ela que precisa da mãe, sou eu que preciso da minha filha. Dei de mamar até ela não querer mais. Deixo-a vir para a nossa cama aninhar-se quando precisa de mimo. Adoro a companhia dela e temos uma cumplicidade muito, muito forte.

Assim que soube que estava grávida, para além de uma imensa alegria, veio também uma certa preocupação. Esta cumplicidade seria abalada? Ia gostar dos dois da mesma maneira? Como ia dividir o meu tempo? E se chorassem os dois ao mesmo tempo? Como é que ela ia reagir quando visse outro bebe ao meu colo?

Perdi mesmo muito tempo a pensar nisto. A verdade é que tudo se faz. A verdade é que tenho uma filha amorosa que a única coisa que sente pelo mano é muito amor! Está sempre de volta dele, sempre a dar festinhas, a pôr a chucha, etc. Fica sempre muito aflita quando ouve o mano chorar e vem logo chamar-me. Pede-me imensas vezes para ter o mano ao colo e eu ponho-o sempre que possível. Nunca fez uma cena de ciúmes, nunca foi má para o irmão ou para mim quando estou com ele. Tem corrido muito, muito bem. Sempre que o António está a dormir eu aproveito para lhe dar mimos, fazer desenhos com ela, puzzles, plasticina... não porque ela quer ou precisa mas porque eu preciso. Sinto falta da minha "companheirona "! Adoro quando ela chega a casa.

Tudo isto tem corrido tão bem muito graças ao meu marido que tem sido um pai 5 estrelas com ela. Todos os dias leva-a a passear a seguir à escola, dá-lhe toda a atenção e tem ficado encarregue das principais tarefas, dar pequeno almoço, levar à escola, etc. Estão mais unidos que nunca é eu derreto-me de ver... (às vezes quem fica com ciúmes sou eu! Ahahah) 

Um obrigada muito especial à nossa Carlota que tem sido a mana mais velha mais querida de sempre <3 

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Se calhar o teu leite não é forte

"Será o teu leite que não é forte?"

Isto é a pior coisa que se pode dizer a uma mãe que está a amamentar. Amamentar não é pêra doce e muitas vezes o mais fácil é mesmo dar o leite adaptado e pronto. Acabaram se as dores no peito, as gretas nos mamilos, o acordar de 2 em 2 horas, o verter leite quando menos esperamos. Quem decide amamentar passa por muito e quando a coisa começa a estabilizar e vemos o nosso bebe ganhar peso somos inundadas por um orgulho gigante. E todas sabemos que não há orgulho maior que o orgulho de mãe.

Agora quando desabafamos e dizemos como estamos exaustas, como não aguentamos mais, etc... A pior coisa que nos podem dizer é que "se calhar" o nosso leite não é forte o suficiente. Claro que é, porra! O nosso corpo fez o bebe e sabe perfeitamente fazer o leite para ele. Se o bebe está a aumentar de peso então o leite é suficiente sim! 
Quando desabafamos sobre o nosso cansaço, na verdade só procuramos um ombro onde chorar, um abraço demorado, um beijinho na testa e um "está tudo bem, é normal. Estás a fazer tudo bem".

Nunca ponham em causa o leite de uma mãe que amamenta. Nunca! Não em frente à mãe... Falem disso depois, noutra altura, com outras pessoas. À mãe dêem-lhe só a vossa amizade e apoio. Precisamos MESMO umas das outras. 

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